domingo, 8 de julho de 2012

DICIONÁRIO DE FILOSOFIA

POLÍTICA

Política


Conceito antigo - É a arte e a ciência de governar para a realização do bem comum.

Conceito moderno - É o processo de formação, distribuição e exercício do poder.

Poder

Conceito - É a capacidade de fazer que os demais façam o que queremos (Bertrand Russell) 

Formas de poder (Norberto Bobbio)

Poder econômico - Aquele que possui bens econômicos induz aqueles que não possuem tais bens a agirem conforme seu desejo.
Poder ideológico - Aquele que domina determinadas ideias influencia as condutas dos demais.
Poder político - Aquele que detém os meios de coerção social (força física e direito) controla a sociedade.

Estado

Conceito - É a instituição política, dirigida por um governo soberano, que reivindica o monopólio do uso legítimo da força física em determinado território, subordinando os membros da sociedade (Max Weber)

Função

Visão liberal - Mediar os conflitos entre os grupos sociais para evitar a desagregação da sociedade e preservar os interesses do bem comum. (John Locke e Jean-Jacques Rousseau)
Visão marxista - Interferir nas lutas entre as classes sociais de modo parcial para garantir o domínio da classe dominante (Karl Marx e Friedrich Engels).

Sociedade Civil e Estado

Na linguagem política contemporânea, sociedade civil e Estado são vistos como opostos. A sociedade civil seria o campo das relações que se desenvolvem fora do poder do Estado. E o Estado é a instituição que exerce o poder coercitivo por intermédio de suas funções no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.
Os partidos políticos são apontados como intermediários entre o Estado e a sociedade civil. Caberia a eles levar as aspirações da sociedade civil ao conhecimento do Estado.
As relações entre a sociedade civil e o Estado pode tender para um esquema fechado, caraterizado pelo autoritarismo e pela opressão, ou para um esquema aberto, marcado pela participação.

Regimes políticos

Conceito - Modos como o Estado se relaciona com a sociedade civil.

Tipos

Democracia - O Estado democrático permite a participação política do povo através de eleições, plebiscitos, referendos e manifestações, a divisão funcional do poder político entre  Executivo, Legislativo e Judiciário e a vigência do Estado de Direito, no qual o poder é exercido nos limites da lei.
Ditadura - No Estado ditatorial não há participação popular nas decisões políticas, o poder concentra-se nas mãos de um único governante ou de um órgão colegiado e inexiste Estado de Direito.

POLÍTICA - SUGESTÕES DE LIVROS


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sexta-feira, 6 de julho de 2012

CIÊNCIA - SUGESTÕES DE FILMES






POLÍTICA - SUGESTÕES DE FILMES




ÉTICA - SUGESTÕES DE FILMES






A ÉTICA

O homem é um ser moral que orienta suas ações de acordo com os valores morais da sociedade. 


Distinção entre moral e ética


A moral é um conjunto de normas que orientam o comportamento humano tendo como base os valores de uma determinada cultura. Como as culturas são distintas, os valores também são distintos e dão origem a códigos morais diferentes.
A ética é a disciplina filosófica que estuda os diversos sistemas morais elaborados pelos seres humanos. Além disso, a ética preocupa-se ainda com a a união entre o saber e o fazer, ou seja, busca aplicar o conhecimento sobre o ser para construir o dever ser.


Moral e direito


A moral e o direito possuem semelhanças e diferenças. Ambos devem ser seguidos por todos, buscam uma convivência melhor entre os indivíduos, orientam-se pelos valores culturais de uma determinada sociedade e possuem caráter histórico, ou seja, mudam de acordo com as transformações sociais. No entanto, as normas morais são cumpridas devido à convicção pessoal dos indivíduos e as normas jurídicas são cumpridas porque senão haverá sanção pelo Estado; e as sanções para o descumprimento das normas morais podem variar porque depende da consciência moral e as sanções para o descumprimento das normas jurídicas estão previstas na legislação.


Moral e liberdade


Moral e liberdade estão intimamente ligadas. O homem possui consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria conduta e formular juízos sobre seus atos, decidir sobre o bem e mal, o justo e o injusto.  Ao julgar, tem a liberdade de escolher seu caminho. Quando o homem escolhe o seu caminho ele passa a ter responsabilidade pelos seus atos e pode ser julgado moralmente por isso.
A consciência moral pode indicar o caminho da virtude, que dignifica o homem, ou do vício, que corrompe o homem.
Mas será que somos realmente livres para decidir sobre o melhor caminho?
Existem três respostas filosóficas para esse problema:
1 - A liberdade não existe porque o ser humano é determinado por sua natureza biológica ou histórica (Helvetius e Holbach).
2 - A liberdade existe e está acima de todas essas determinações (Jean-Paul Sartre). 
3 - O homem é livre e determinado ao mesmo tempo (Espinosa, Hegel e Marx).


Transformações da moral


O sistema moral de cada grupo é elaborado ao longo do tempo conforme os valores reconhecidos como significativos para a convivência social. Esse sistema é transmitido de geração para geração. Contudo, os indivíduos possuem a liberdade de aceitar ou rejeitar as normas morais. Eles podem consolidar a moralidade existente, mas também podem negar essa moralidade e transformá-la. 


Escolhas morais


Ao realizar escolhas morais os indivíduos levam em consideração fatores objetivos e subjetivos. Os fatores objetivos relacionam-se às normas já estabelecidas e os subjetivos à liberdade e a responsabilidade individual.
Existem quatro possibilidades de escolha:
1 - Ação moralmente boa - O indivíduo adere conscientemente à norma porque a considera legítima.
2 - Ação moralmente má - O indivíduo considera a norma legítima, mas contraria a norma numa determinada situação. 
3 - Conflito ético - O indivíduo não adere conscientemente à norma porque a considera  ilegítima.
4 - Niilismo ético - O indivíduo nega radicalmente qualquer valor moral.



A FELICIDADE - SUGESTÕES DE FILMES




SUGESTÕES DE FILMES






DÚVIDA METÓDICA - RENÉ DESCARTES

O filósofo francês René Descartes (1956-1650) criou a dúvida metódica.  



A DÚVIDA

Situação filosófica

"Em uma manhã ensolarada da antiga Atenas, a população desenvolvia tranquilamente seus afazeres. De repente, um homem cruza a praça correndo, e logo se ouvem gritos desesperados:

-Pega ladrão! Pega ladrão!

Um soldado imediatamente se lança em disparada atrás do sujeito. Sócrates, por sua vez, pergunta:
-O que é um ladrão?"

Analisando a situação

Tudo transcorria normalmente em Atenas, na Grécia Antiga, quando um homem surge gritando "Pega ladrão!". A situação levou o soldado a correr atrás do ladrão. Mas, provocou  em Sócrates um deslocamento e, consequentemente, um questionamento: "O que é um ladrão?" A atitude do soldado é própria do senso comum e a de Sócrates é característica dos filósofos.


Importância de perguntar

Duvidar é fundamental para ter um conhecimento mais amplo. Porém, poucas pessoas duvidam, questionam.  Geralmente, as pessoas não perguntam porque possuem dificuldade de se expressar ou medo de falar em público porque consideram que perguntar é expor uma debilidade. 

Atitude filosófica

A atitude indagadora é filosófica e é essencial tanto para aqueles que desejam tornarem-se filósofos quanto para aqueles que desejam apenas refletir sobre alguma situação.
A atitude filosófica é comum na infância. O homem, quando é criança, questiona tudo e todos, mas, quando cresce, contenta-se com respostas prontas e acabadas. Para recuperar a atitude filosófica, o homem deve inspirar-se na infância e recomeçar a indagar.

Dúvida filosófica

As dúvidas filosóficas surgem nos momentos de estranhamento. Indagar sobre qual time vai ganhar o Campeonato Brasileiro de Futebol não é uma dúvida filosófica. Mas, indagar sobre "O que é o mal?" ou "O ser humano é mal?" quando nos deparamos com crimes bárbaros, é uma dúvida filosófica que demanda uma explicação racional.
A partir da dúvida, o filósofo constrói uma explicação fundamentada sobre o objeto de sua reflexão.




COMO ANDA A NOSSA FELICIDADE

Felicidade na História

A concepção de felicidade muda de acordo com o tempo e o espaço e continua sendo objeto de análise dos filósofos. Historicamente, três valores são considerados fundamentais para a felicidade individual e coletiva: amor ao próximo, liberdade e bem comum. 
A defesa do amor ao próximo surgiu com o advento do cristianismo. Os cristãos defenderam que  Deus ama a todos indistintamente e que o homem deve amar ao próximo como a si mesmo. Acreditavam que só quem ama o próximo pode ser feliz.
A liberdade foi defendida no período do Iluminismo. Os filósofos iluministas defenderam a liberdade política, econômica, religiosa, de expressão. Acreditavam que só quem é livre é capaz de ser feliz.
Platão já defendia a importância do bem comum, mas a partir do Iluminismo, Esse ideal passou a ser amplamente defendido. Acreditavam que só é feliz quem defende o bem para toda a sociedade.


Felicidade nas Ciências


Diversas ciências oferecem contribuições importantes para a reflexão sobre a felicidade, entre elas, a Medicina, a Psicologia a Economia e Sociologia.
Estudos de Neurofisiologia evidenciam que quando as pessoas estão felizes algumas áreas do cérebro passam a ter mais atividade. A Medicina também aponta que a saúde é importante para a felicidade e vice-versa. Alguns defendem que pessoas saudáveis são mais felizes e outros que pessoas felizes são mais saudáveis.
A Psicanálise aponta que os primeiros anos de vida são fundamentais para que o indivíduo adulto possa ser feliz. Além disso, os modelos de conduta no ambiente familiar são importantes para que o adulto possa segui-los e alcançar uma existência feliz.
Os economistas consideram que o dinheiro não traz felicidade porque pesquisas evidenciam que a elevação do nível de renda não aumenta significativamente a felicidade. Por outro lado, defendem que o trabalho é importante para a felicidade porque afeta a autoestima.
A Sociologia demonstra que o convívio social e a cooperação são fundamentais para a felicidade.

ATIVIDADE

1) Você considera que o amor ao próximo, a liberdade e a defesa do bem comum são importantes para a conquista da felicidade? Justifique.
2) Você concorda com os resultados apontados pelos cientistas sobre a felicidade? Justifique.





quinta-feira, 5 de julho de 2012

ALEGORIA DA CAVERNA



Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco Estou vendo.
Sócrates Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
Glauco Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates – Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e dos seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica de fronte?
Glauco – Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates – E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Glauco – Sem dúvida.
Sócrates – Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco – É bem possível.
Sócrates – E se a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco – Sim, por Zeus!
Sócrates – Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados.
Glauco – Assim terá de ser.
Sócrates – Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco – Muito mais verdadeiras.
Sócrates – E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Glauco – Com toda a certeza.
Sócrates – E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?
Glauco – Não o conseguirá, pelo menos de início.
Sócrates – Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e a sua luz.
Glauco – Sem dúvida.
Sócrates – Por fim, suponho eu, será o Sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal como é.
Glauco – Necessariamente.
Sócrates – Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco – É evidente que chegará a essa conclusão.
Sócrates – Ora, lembrando-se da sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que aí foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?
Glauco – Sim, com certeza, Sócrates.
Sócrates – E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples criado de charrua, a serviço de um pobre lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
Glauco – Sou da tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
Sócrates – Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
Glauco – Por certo que sim.
Sócrates – E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que os seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se a alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco – Sem nenhuma dúvida.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

PLATÃO. A República. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Coleção Os Pensadores).

A FELICIDADE NA FILOSOFIA ANTIGA

Esse tema está inextricavelmente ligado à Filosofia, pois a felicidade é considerada a finalidade última da Filosofia. Os filósofos consideram que a felicidade é a finalidade última dos nossos atos, mas que nem todo ato traz felicidade. Filósofos da Antiguidade, como Platão, Aristóteles e Epicuro, apresentaram respostas filosóficas à questão: "O que é felicidade?". Os gregos antigos consideravam que a felicidade é um bem concedido pelos deuses. Acreditavam que  esse bem poderia ser perdido a depender do comportamento dos homens ou da vontade dos deuses. Portanto, a felicidade era considerada um bem instável. Os filósofos buscaram uma felicidade estável.


PLATÃO


Para Platão, o homem só atingirá a felicidade quando abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteligível, que permite chegar à ideia do bem, que é a causa das ideias perfeitas como a beleza, coragem,  justiça e  felicidade. Para que isso ocorra, é necessário que a alma racional (conhecimento) regule a alma irascível (paixão) e que esta controle a alma concupiscente (desejo). A ginástica e a dialética podem auxiliar nesse processo de transição do mundo sensível em direção ao mundo inteligível.
Em resumo, Platão considera que a felicidade é o resultado final de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo que permita atingir a ideia do bem. 
Essa definição pode ser sintetizada na seguinte fórmula: CONHECIMENTO -> BEM -> FELICIDADE.


Para compreender a visão de Platão, leia a Alegoria da Caverna


ARISTÓTELES

Segundo Aristóteles, a felicidade só pode ser alcançada pelo homem quando agir conforme a virtude que o distingue dos demais seres: a razão. No entanto, embora compreenda que a contemplação intelectual seja uma condição necessária para alcançar a felicidade, não é uma condição suficiente. Para o homem atinja a felicidade deve praticar outras virtudes que possibilitem o bem-estar material e social.


EPICURO


De acordo com Epicuro, a felicidade é fundamentalmente prazer. Desse modo, para alcançar a felicidade é necessário fugir da dor. Para isso, é preciso eliminar preocupações religiosas e as superstições que provocam a angústia e a infelicidade. Além disso, é preciso priorizar os desejos naturais e necessários e eliminar ou moderar os desejos desnecessários. Para distinguir quais são os prazeres necessários é preciso usar a prudência racional. Seguindo esse caminho é possível atingir a autarquia (governo da própria vida) e, consequentemente, ascender à ataraxia (estado de imperturbabilidade da alma, de indiferença em relação ao que ocorre no mundo), que é a felicidade suprema.











ESTOICISMO


Conforme os filósofos estóicos a felicidade é atingida quando o homem vive de acordo com a ordem cósmica e aceita o destino, Para eles, existe um princípio ativo ou inteligência racional que rege o mundo. Esse princípio, que eles denominavam Providência, é responsável pela predeterminação do destino de cada ser humano. Assim, a felicidade não depende apenas do homem, mas também da Providência. Para ser feliz, o homem tem que aceitar o seu destino e construir a sua felicidade sobre a ""brechinha de liberdade" que lhe permite querer apenas aquilo que depende dele. Os estóicos consideram que existem coisas boas, más e indiferentes. Boas são aquelas que só dependem do homem e que devem buscar a vida inteira. Más são aquelas que só só dependem do homem e que devem evitar. Indiferentes são aquelas que independem do homem. A infelicidade ocorre quando não evitamos as coisas más ou nos preocupamos com as coisas indiferentes. A paixão é o resultado do uso inadequado da razão e a virtude consiste na ação que se desenvolve conforme a razão.  O homem deve controlar os pensamentos de acordo com as exigências da razão universal,. Também deve desenvolver o amor fati, ou seja, o amor ao destino. Assim, é possível atingir a apatia (eliminação das paixões) e a ataraxia (impertubabilidade da alma) e, por conseguinte, a felicidade.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010.

MAFALDA E A FELICIDADE

ATIVIDADE

A partir do que foi discutido em sala de aula, analise a tirinha do cartunista argentino Quino sobre a felicidade e reflita sobre as fontes fundamentais para a felicidade.



A FELICIDADE

Situação filosófica



"Conta-se a seguinte experiência, vivida por um grande médico paulista muitos anos atrás. Durante o período em que trabalhou entre os índios xavantes, no Mato Grosso, ele fez amizade com um dos nativos, Rupawe, que o acompanhava frequentemente e lhe contava diversas histórias de sua tribo.

Numa tórrida tarde dessa região central do Brasil, os dois decidiram refrescar-se no rio das Garças. Nadaram durante quase uma hora e depois se sentaram à beira das águas para descansar e apreciar a bela paisagem. A agradável sensação da brisa tocando seus corpos pareceu despertar no médico pensamentos mais sutis, resultando neste curto diálogo:

- Você é feliz, Rupawe?

- Sim - respondeu prontamente o nativo.

- E você sabe o que é felicidade?

- Não."


Analisando a situação


A partir da análise dessa anedota é possível compreender os passos que são necessários para uma experiência filosófica. 

Primeiro passo: ESTRANHAMENTO

O estranhamento ou deslocamento ocorre quando uma pessoa vivencia uma circunstância diferente da que costuma experimentar, o que lhe permite observar algo que antes não via ou que via sem questionar.
Ao viver um período com os índios Xavantes, o médico paulista vivenciou um estranhamento, pois passou a viver num meio natural, social e cultural, bem distinto daquele em que estava acostumado. Essa circunstância permitiu o distanciamento e possibilitou o contato com sua visão sobre a felicidade. 

Segundo passo: QUESTIONAMENTO

Após o estranhamento ocorre o questionamento interno e externo sobre o tema.
O médico passa a questionar: "Eu sou feliz?", "Rupawe é feliz?", "O que é felicidade?" . As duas primeiras perguntas têm caráter particular porque as respostas a elas correspondem apenas aos indivíduos. A terceira questão possui caráter universal, pois a resposta vale para todos os seres humanos.

Terceiro passo: RESPOSTA FILOSÓFICA

Ao questionamento possibilitado pelo estranhamento, o filósofo precisa formular uma resposta que seja clara, coerente, elucidativa e que possua caráter universal. Somente a conclusão do terceiro passo permite uma experiência filosófica completa.
Esse terceiro passo não foi dado na anedota, pois o médico e o índio não chegaram a uma definição sobre o que é felicidade.


ATIVIDADE

1) Recorde uma situação que fez com que você refletisse sobre algum tema e elabore um texto descrevendo essa situação, os questionamentos que ela possibilitou e a conclusão a que chegou.
2) Você considera que alcançou uma experiência filosófica completa? Justifique.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

COTRIM, Gilberto; FERNANDES Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva,  2010.