quinta-feira, 5 de julho de 2012

A FELICIDADE NA FILOSOFIA ANTIGA

Esse tema está inextricavelmente ligado à Filosofia, pois a felicidade é considerada a finalidade última da Filosofia. Os filósofos consideram que a felicidade é a finalidade última dos nossos atos, mas que nem todo ato traz felicidade. Filósofos da Antiguidade, como Platão, Aristóteles e Epicuro, apresentaram respostas filosóficas à questão: "O que é felicidade?". Os gregos antigos consideravam que a felicidade é um bem concedido pelos deuses. Acreditavam que  esse bem poderia ser perdido a depender do comportamento dos homens ou da vontade dos deuses. Portanto, a felicidade era considerada um bem instável. Os filósofos buscaram uma felicidade estável.


PLATÃO


Para Platão, o homem só atingirá a felicidade quando abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteligível, que permite chegar à ideia do bem, que é a causa das ideias perfeitas como a beleza, coragem,  justiça e  felicidade. Para que isso ocorra, é necessário que a alma racional (conhecimento) regule a alma irascível (paixão) e que esta controle a alma concupiscente (desejo). A ginástica e a dialética podem auxiliar nesse processo de transição do mundo sensível em direção ao mundo inteligível.
Em resumo, Platão considera que a felicidade é o resultado final de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo que permita atingir a ideia do bem. 
Essa definição pode ser sintetizada na seguinte fórmula: CONHECIMENTO -> BEM -> FELICIDADE.


Para compreender a visão de Platão, leia a Alegoria da Caverna


ARISTÓTELES

Segundo Aristóteles, a felicidade só pode ser alcançada pelo homem quando agir conforme a virtude que o distingue dos demais seres: a razão. No entanto, embora compreenda que a contemplação intelectual seja uma condição necessária para alcançar a felicidade, não é uma condição suficiente. Para o homem atinja a felicidade deve praticar outras virtudes que possibilitem o bem-estar material e social.


EPICURO


De acordo com Epicuro, a felicidade é fundamentalmente prazer. Desse modo, para alcançar a felicidade é necessário fugir da dor. Para isso, é preciso eliminar preocupações religiosas e as superstições que provocam a angústia e a infelicidade. Além disso, é preciso priorizar os desejos naturais e necessários e eliminar ou moderar os desejos desnecessários. Para distinguir quais são os prazeres necessários é preciso usar a prudência racional. Seguindo esse caminho é possível atingir a autarquia (governo da própria vida) e, consequentemente, ascender à ataraxia (estado de imperturbabilidade da alma, de indiferença em relação ao que ocorre no mundo), que é a felicidade suprema.











ESTOICISMO


Conforme os filósofos estóicos a felicidade é atingida quando o homem vive de acordo com a ordem cósmica e aceita o destino, Para eles, existe um princípio ativo ou inteligência racional que rege o mundo. Esse princípio, que eles denominavam Providência, é responsável pela predeterminação do destino de cada ser humano. Assim, a felicidade não depende apenas do homem, mas também da Providência. Para ser feliz, o homem tem que aceitar o seu destino e construir a sua felicidade sobre a ""brechinha de liberdade" que lhe permite querer apenas aquilo que depende dele. Os estóicos consideram que existem coisas boas, más e indiferentes. Boas são aquelas que só dependem do homem e que devem buscar a vida inteira. Más são aquelas que só só dependem do homem e que devem evitar. Indiferentes são aquelas que independem do homem. A infelicidade ocorre quando não evitamos as coisas más ou nos preocupamos com as coisas indiferentes. A paixão é o resultado do uso inadequado da razão e a virtude consiste na ação que se desenvolve conforme a razão.  O homem deve controlar os pensamentos de acordo com as exigências da razão universal,. Também deve desenvolver o amor fati, ou seja, o amor ao destino. Assim, é possível atingir a apatia (eliminação das paixões) e a ataraxia (impertubabilidade da alma) e, por conseguinte, a felicidade.



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2010.

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